quinta-feira, 8 de maio de 2008

Abstinência

Abstinência

"No começo, o alívio fora maior que qualquer outra coisa. A separação fizera dela uma mulher livre. Não livre dele. Livre da angústia que sentia a cada vez que pensava se era ou não amada. Agora ela tinha certeza de que não. E, naqueles primeiros dias, não sentiu tristeza, sentiu-se feliz por ter acabado com a dúvida. Acreditou realmente que seria sempre assim. Mas, ao fim da primeira semana, finalmente o efeito da anestesia passou. A cabeça ainda sabia que tinha feito um ótimo negócio, até mesmo o coração sabia, mas o corpo começou a revoltar-se e a clamar por ele. Cada canto da sua pele, cada poro, cada célula ansiava pelo contato dele. A boca pedia o seu beijo. O nariz queria o perfume dele. Já não era uma necessidade emocional, mas sim física. Agora entendia o que um dependente químico sentia quando entrava em crise: sabia o mal que a droga lhe fazia, mas o corpo falava mais alto que a razão. Enfim, havia chegado o momento da grande dor. Finalmente, a fantasia de que ainda havia paixão entre eles começava a fazer falta. A grande dor que ela não tinha conseguido sentir. Talvez, depois que a dor passasse, o ciclo se completasse e ela conseguisse esquecê-lo de vez. Acabara a sua ilusão de que iria passar por tudo aquilo sem sofrimento, só com alívio. Quanto tempo mais ela teria que esperar até que tudo realmente terminasse?" Da Fernanda. (vida bizarra)

Tá vendo eu vicio.
Antônio, a verdadeira droga ou eu também sei ser romântico.