terça-feira, 11 de março de 2008

Amigo Pezão



Pezão

Foi logo na minha pré-adolescência, não lembro mais se 11 ou 13 anos, mas lembro que foi a primeira vez que rompi a barreira da meia noite! Fora a primeira, de muitas outras que viriam pela frente, é verdade… mas, fora a primeira vez que eu chegava em casa depois da meia noite, sem prévio acordo com minha mãe e sem uma desculpa real e satisfatória.

Não sabia ao certo se eu contava tudo, ocultava partes ou não contava nada, ocultando tudo! Porém, subitamente, me dei conta que o fardo era demasiado pesado para minha cabecinha… falo “cabecinha” de modo figurado, afinal, cabeça de adolescente é sempre desproporcional ao restante do corpo, eu estava mais pra um “mini-craque”.
O fato é que eu precisaria de um álibi! Mas não poderia usar o nome de um de meus companheiros assim, do nada! Posso ser um canalha, mas desde pequeno sabia inconscientemente da ética que existia entre os canalhas. Foi então que minha explicação veio sem muito planejamento, na época eu não sabia a importância de um minucioso prévio planejamento da mentira…

- Posso saber com quem o senhor estava? – Mãe furiosa.

- Eu estava com uns amigos, mãe… – mini-craque, digo, adolescente num misto de perdido com indignado.
- Que amigos?
- Eu estava com o Rodrigo
- Rodrigo?! Que Rodrigo, moleque!
- O Pézão,…

O Rodrigo, vulgo Pézão, nunca existiu de verdade, eu o inventei na hora mesmo. O fato é que a introdução do meu amigo Pézão à minha mãe já não foi das melhores, assim sendo, a partir daí, automaticamente ele tornou-se meu comparsa para todos os delitos. “Aposto que o tal do Pézão estava envolvido nisso, não é?” dizia minha mãe com ar de sabedoria e desconfiança em toda nova infração que eu cometia. E eu por fim assumia “Sim… mas ele é tão gente fina, mãe!” Minha mãe, obviamente odiava o Pézão. Havia o classificado como uma má companhia!

Foi nessa época que eu aprendi que uma mentira chama outra, pois logo percebi que o Pézão já fazia parte da minha vida! A trama em torno do meu amigo tornou-se gigantesca: meu pai também não gostava dele, mas dizia que ele poderia ser genial no futuro… minha irmã queria conhecê-lo… meu irmão falou que ouvia muito sobre ele no colégio… O Pézão tornou-se um mito urbano!!! … Espera aí, tô exagerando… acho que me empolguei um pouco… sabe como é, o Pezão é muito doido…rs

A verdade é que até hoje, mais de vinte anos depois, pra minha mãe, o Pézão sempre existiu e ela dá graças a Deus que eu não tenha mais contato com ele.