domingo, 13 de abril de 2008

O MUNDO NÃO É PARA INOCENTES.

O MUNDO NÃO É PARA INOCENTES.

O Ministério Público é uma vergonha, a Policia me embaraça, a Imprensa arma seu circo e o Judiciário ... sei lá viu. Aquele promotor, aquele delegado, os jornalistas, as entrevistas. Meu DEUS do Céu, Caramba!!!! Ainda bem que todos são feios e na televisão só piora. Não sabem falar, não transmitem credibilidade, não demonstram competência. Igual, igual a propaganda de pasta de dente. Pode colocar a mulher mais tesuda do mundo. Vai sempre ser pasta de dente. E nada vai mudar, você não ganha mais dinheiro, não vai dirigir o carro importado, não vai ter aquele físico de deus romano, nem o nariz de escultura grega. É pasta de dente!!! Pasta de dente. Acabou. Não é um bilhete premiado destas loterias ou a supervalorização de sua carteira de ações na Bolsa. É pasta de dente.

Quando eu morava na Serra Catarinense, aconteceu o caso do João Hélio. Eu escrevi sobre isto, até como um desabafo dos inconformados, um grito de revolta contra a injustiça deste país com autoridades tão, tão pequenas. Com suas vidas pequenas e mentes limitadas, perpetuando filhos pequenos e limitados. A auto promoção em cima da desgraça dos outros. Cobra comendo cobra. Mundo cão. País complicado, sujo, imundo.

A humanidade me cansa. Ao ver a enxurrada de matérias em jornais, revistas e programas de televisão sobre a morte de Isabella Nardoni, não posso deixar de sentir um certo incômodo com toda a exploração midiática em torno do crime. O prédio de onde a menina foi supostamente jogada virou “atração turística”. Previamente condenados pelos noticiários e pela opinião pública, tanto o pai quanto a madrasta de Isabella tiveram seus nomes e rostos expostos publicamente. Não sabemos ainda se eles são realmente os responsáveis pelo covarde assassinato.

Alguém ainda se lembra da Daniele Toledo do Prado, 21 anos, a mulher que foi detida pela acusação de ter matado seu bebê com uma overdose de cocaína, passou 37 dias na cadeia, foi espancada pelas presidiárias, teve o maxilar quebrado e quase morreu na prisão. Pois bem, o laudo definitivo constatou que não havia cocaína no organismo de sua filha. E Daniele, que ganhou a alcunha de "monstro da mamadeira", era, vejam só vocês, inocente, INOCENTE. Saldo dessa história: Daniele perdeu seu bebê, foi vilipendiada publicamente, quase foi linchada e só pôde visitar o túmulo de sua filha dois meses depois de vê-la morrer.

Não, não estou afirmando que o pai e a madrasta de Isabella são inocentes. Se for provada a participação de um ou de outro no crime, espero que haja exemplar punição a ser aplicada pelo Estado. Porém, creio que ninguém deveria julgar o casal e afirmar peremptoriamente sua culpa com base apenas no que andou lendo e assistindo por aí. Inocentemente, eu só gostaria que houvesse um pouco mais de respeito e bom senso neste mundo. Mas enfim, tecer pré-julgamentos e apontar o dedo para outras pessoas em tribunais públicos compostos por palpiteiros desinformados, moralistas de ocasião e linchadores em potencial é algo que faz parte de nossa condição humana, demasiadamente humana. Afinal de contas, é muito mais fácil para todos nós reconhecer as fraquezas, maldades e mazelas alheias, não?

Encerro este post com uma recomendação expressa de leitura: A Vida dos Outros, artigo no qual o jornalista Guilherme Fiuza relata o dia em que seu filho Pedro caiu do oitavo andar do prédio em que morava, no dia 2 de julho de 1990. Como bem afirma Fiuza, a vida dos outros não é um Big Brother.